sábado, outubro 06, 2007

Final Countdown (3)

Contudo, não me vou despedir da blogoesfera mas apenas retornar à casa mãe, da qual nunca saí realmente. No Sobre Tudo e Sobre Nada vou continuar a fazer guerra cultural, principalmente através da divulgação do conteúdo de alguns livros e artigos que julgo serem fundamentais para a compreensão do nosso mundo.
MC
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Final Countdown (2)

A partir do momento em que se toma consciência de que não sabemos o suficiente para fazer certas reflexões não nos resta senão parar. Deixo aqui uma lista daqueles que são, na minha opinião e dentro das limitações de pesquisa que todos temos, as principais mentes pensantes da blogoesfera e que me fazem ter a certeza que não lhes posso acrescentar mais nada útil, aliás, que já me devia ter calado há muito tempo.

O João Miranda do
Basfémias faz as melhores análises da blogoesfera. As suas análises são frias e impessoais, mas com um fino sentido de ironia. Não comete o pecado de endeusar a Razão, apontando-lhe frequentemente as limitações.

Pedro Arroja, agora no
Portugal Contemporâneo, é alguém que procura a verdade há muito tempo. Introduziu na blogoesfera uma dimensão realmente filosófica no sentido mais puro do termo. O seu sentido provocador é único, sendo considerado um herege mesmo entre os que dizem combater o politicamente correcto. Quem não o acompanhar perde quase todas as discussões fundamentais que se passam na blogoesfera, algumas nas caixas de comentários dos seus posts onde se destaca a zazie.

Também no
Portugal Contemporâneo temos o Rui de Albuquerque, com um conhecimento e rectidão invulgares entres os intelectuais lusos. Alguns dos melhores posts na blogoesfera foram de sua autoria.

O Bruno Alves no
Desesperada Esperança é, apesar da sua reduzida idade, um dos melhores bloggers desde país. Estando em cima dos acontecimentos políticos relevantes, mantêm sempre uma frieza britânica e um sentido fatalista da vida. Ler o Bruno sobre um determinado assunto é sempre ir encontrar algo que ainda ninguém tinha pensado.

Miguel Castelo Branco escreve o
Combustões. Na realidade nem sei como o classificar este blog mas de cada vez que lá vou fico sempre com a maravilhosa sensação que sou ignorante em tanta coisa.

O dragão, no
Dragoscópio, mostra que ainda há vida pensante e sentido de desvario neste país.

Finalmente, uma referência especial ao pessoal d’
O Insurgente, um dos maiores e mais valiosos colectivos da blogoesfera. Desde o primeiro momento foi e continuará a ser uma das minhas primeiras leituras diárias. Se essa coisa do serviço público não fosse uma treta, diria que eles seriam o melhor exemplo. Não posso também deixar de agradecer as referências que fizeram a este blog.
E, para aqueles que acham a discussão política uma coisa enfadonha mas sobretudo para os que não acham, vão até ao A Testar os Meus Limites e aprendam alguma coisa sobre a vida.
MC
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Final Countdown (1)

Este blog teve a intenção inicial de ser uma experiência conjunta. Os meus colegas de nunca se convenceram da pertinência de uma experiência como esta e as suas participações foram muito escassas. É pena porque os convidei porque considerei que têm capacidade para fazer melhores análises que eu.
MC
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Guerra cultural (13)

CONCLUSÃO

Movimentos como o Compromisso Portugal são compostos por pessoas dinâmicas, bem relacionadas, influentes, respeitadas. Fazem diagnósticos acertados e apresentam soluções teoricamente acertadas. Contudo, creio que este tipo de iniciativas sofre de um forte problema de enquadramento. Partem do princípio que combatem apenas determinadas ideias e práticas que se enraizaram na sociedade e resta apenas insistir num novo paradigma até que a razão lhes seja reconhecida. Contudo, o verdadeiro combate a fazer é contra toda uma cultura revolucionária que neste momento atingiu o seu ponto de maior sucesso. Ao contrário do que pensam estas pessoas, não estão a combater os restos do socialismo que já deu provas de inoperacionalidade e a muito custo se mantém à tona de água.

Pior que isso, podem estar a combater parte de si mesmos sem se aperceberem. Porque é bem possível que façam parte desta vertigem da modernidade obcecada pela novidade e sempre pronta a abdicar do passado. O perigo é não conseguir distinguir o que é a melhoria constante da destruição das estruturas que suportam a civilização. É notória uma certa ingenuidade de certas pessoas que pedem medidas liberais mas, como que envergonhadas, acham que têm de compensar isto com um atestado de modernidade. E assim, por suprema ironia, mostram simpatia por todo o tipo de iniciativas revolucionárias com trajes modernos, sendo coniventes com a destruição deliberada da família, do indivíduo e da religiosidade.
Se estas pessoas com capacidade de influência tomarem consciência de que o que necessitam realmente é fazer guerra cultural, então a sua actuação terá de se modificar radicalmente. Não podem apenas apontar para objectivos de curto prazo, para o desbloqueamento de certas situações para obter ganho imediatos. A guerra cultural necessita de décadas para obter resultados consistentes. É necessário inundar o mercado de centenas de obras liberais e conservadoras, mas também de outras que mostrem a verdadeira herança ocidental. É fundamental deixar de hostilizar a religião cristã, sobretudo.
MC
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Guerra cultural (12)

AS TRINCHEIRAS (4)

No outro lado da trincheira estão aqueles que procuram a verdade sobre o mundo em que vivem. Esta busca é sempre individual em sentido último, não podendo ser dissociada do conhecimento de si mesmo. Existe uma diferença abismal entre o conhecimento obtido para resolver um problema específico e aquele em busca da verdade. O primeiro é utilitarista, uma técnica que se domina sem ser necessário compreender os fundamentos. Todos nós precisamos de inúmeros conhecimentos deste tipo para podermos viver em sociedade. Falar, escrever, álgebra, comer com talheres, conduzir, saber fazer amor com uma bela mulher. De todas as pessoas que conduzem um automóvel apenas uma ínfima fracção sabe exactamente o que faz a embraiagem ou tem noção dos princípios do motor de explosão. E não é por alguém saber tudo sobre mecânica de automóveis que fica mais capacitado para a condução. Outro tipo de conhecimentos deste género resulta do acumular de saberes ao longo de muitas gerações, pelo que as fundações se perderam no tempo. Pensemos, por exemplo, nas receitas de culinária.
A busca da verdade é a tentativa de responder a questões essenciais. É frequente levar anos até serem encontradas essas questões. Depois disso a verdade é como um puzzle que se vai montando, sem ter um fim à vista. Por vezes há peças que se vem a descobrir que não pertencem àquele filme. Normalmente não é só uma peça a substituir mas várias em seu redor, que pareciam formar anteriormente um conjunto credível. Não é uma busca puramente abstracta e quem segue este caminho tem de testar permanentemente em si os fragmentos até aí descobertos. Não se pode limitar a aceitar passivamente soluções por outros já apresentadas. Tem de as considerar atentamente, rastreando-as até às origens, confrontá-las com outras perspectivas, até que mais um fragmento da verdade se forme na sua mente neste processo, apenas tendo a verdade como guia e sem forçar conclusões. São raras as pessoas que se orientam por desígnios tão nobres e também são poucos os que as conseguem identificar. Em geral recebem acusações rasteiras que lhes tentam desvendar as motivações mesquinhas que supostamente os guiam. Quem acusa desta forma deve ser, antes de mais, o principal alvo de desconfiança.
MC
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Guerra cultural (11)

AS TRINCHEIRAS (3)

Dentro de um movimento revolucionário a ruptura ocorre quando se atinge o poder. Caso não exista uma liderança forte, muito cedo vai se tornar óbvio que não existia um projecto único mas uma miríade de projectos individuais com agendas quase sempre contraditórias, até aí escondidas pela retórica vazia dos slogans da revolução. Torna-se inevitável a guerra interna, mais sangrenta que a que ocorreria com os inimigos de sempre porque agora é contra supostos traidores.

Com um líder forte é possível ir mantendo a ilusão de existir um projecto comum. Mas aí terá de se lidar com o facto desse projecto não estar a conduzir aos resultados esperados. Nessa altura começam as purgas, as acusações de sabotagem e de desvios de esquerda e de direita. Em pouco tempo resta apenas um regime de terror e o discurso revolucionário irá apenas ecoar junto aos partidários da Revolução que estão seguros no exterior e não passaram por ela.
MC
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