sábado, outubro 06, 2007

Guerra cultural (13)

CONCLUSÃO

Movimentos como o Compromisso Portugal são compostos por pessoas dinâmicas, bem relacionadas, influentes, respeitadas. Fazem diagnósticos acertados e apresentam soluções teoricamente acertadas. Contudo, creio que este tipo de iniciativas sofre de um forte problema de enquadramento. Partem do princípio que combatem apenas determinadas ideias e práticas que se enraizaram na sociedade e resta apenas insistir num novo paradigma até que a razão lhes seja reconhecida. Contudo, o verdadeiro combate a fazer é contra toda uma cultura revolucionária que neste momento atingiu o seu ponto de maior sucesso. Ao contrário do que pensam estas pessoas, não estão a combater os restos do socialismo que já deu provas de inoperacionalidade e a muito custo se mantém à tona de água.

Pior que isso, podem estar a combater parte de si mesmos sem se aperceberem. Porque é bem possível que façam parte desta vertigem da modernidade obcecada pela novidade e sempre pronta a abdicar do passado. O perigo é não conseguir distinguir o que é a melhoria constante da destruição das estruturas que suportam a civilização. É notória uma certa ingenuidade de certas pessoas que pedem medidas liberais mas, como que envergonhadas, acham que têm de compensar isto com um atestado de modernidade. E assim, por suprema ironia, mostram simpatia por todo o tipo de iniciativas revolucionárias com trajes modernos, sendo coniventes com a destruição deliberada da família, do indivíduo e da religiosidade.
Se estas pessoas com capacidade de influência tomarem consciência de que o que necessitam realmente é fazer guerra cultural, então a sua actuação terá de se modificar radicalmente. Não podem apenas apontar para objectivos de curto prazo, para o desbloqueamento de certas situações para obter ganho imediatos. A guerra cultural necessita de décadas para obter resultados consistentes. É necessário inundar o mercado de centenas de obras liberais e conservadoras, mas também de outras que mostrem a verdadeira herança ocidental. É fundamental deixar de hostilizar a religião cristã, sobretudo.
MC
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