quinta-feira, setembro 14, 2006

Jean-François Revel (1)

O CONHECIMENTO INÚTIL – INTRODUÇÃO



Que informação não é conhecimento já todos o sabemos. Jean-François Revel (JFR) vai um pouco atrás e faz a distinção entre comunicação e informação. Não só questiona se divergem por vezes, o que não é difícil de supor, JFR sugere mesmo que são o contrário uma da outra. Fá-lo num livro de 1989, publicado em Portugal pela Europa-América com o título “O Conhecimento Inútil”. Inicio assim uma série de posts dedicados JFR, desaparecido este ano. Mais do que participar nos debates de ideias do nosso tempo, penso que a relevância de JFR foi ter mostrado que esses mesmos debates, em grande parte, nem chegaram a acontecer tendo sido substituídos por um ruído de fundo nada aleatório.

As grandes questões a que a humanidade teve que enfrentar, ao invés de terem gerado um debate racional, naturalmente com erros à mistura, pelo contrário engendraram um movimento de regressão para a barbárie intelectual. Foi a vaga de fundo perfeita para a tomada das decisões mais erradas que a humanidade já adoptou. Os erros de base continuaram a ser cometidos vezes sem conta. Não foi apenas uma questão de não ter percebido o que aconteceu, mais que isso, o erro foi justificado, glorificado. Esta atitude, longe de ser aquela que uma minoria radical escolheu, foi e é, pelo contrário, a essência do pensamento dominante em tudo o que não são assuntos técnicos. Apesar da quantidade de conhecimento e informação armazenados serem maiores que nunca, bem a como a facilidade em lhes aceder, nada disso contribuiu para a tomada decisões mais acertadas.

Neste livro JFR analisa o papel que tiveram no estabelecimento e manutenção desta plataforma politicamente correcta os meios de comunicação social, o sistema de ensino e os intelectuais. Antes esclarece sobre os mecanismos mais elementares utilizados, a mentira, a má fé e, sobretudo, a ideologia.

Naturalmente que estes posts não dispensam a leitura dos livros que abordarei. Pela sua curta dimensão, os artigos não podem ter a mesmo poder explicativo que os livros nem a sua profusão de exemplos, aqui apenas referidos ocasionalmente. Espero apenas não ter desvirtuado a obra de JFR, uma vez que o encadeamento de ideias que escolhi diverge por vezes bastante daquele que se encontra nos livros, além de ir acrescentando vários outros elementos quase sem me aperceber.

MC
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