Mantendo o nível a que nos habituaram
Supostamente devia votar para a autarquia de Setúbal, mas o meu passado de anarquista isolado leva-me evitar essa tarefa tétrica de colocar uma cruzinha num partido de esquerda (só há partidos de esquerda em Portugal), além de que um voto em branco na prática é um nulo. Mas até poderia ter votado em Carlos Sousa para livrar Setúbal do pior autarca da história do país, que foi Mata Cáceres, do PS. Não estou muito virado para analisar os pormenores que envolvem a purga comunista do seu representante em Setúbal. O caso já é passado distante para o ritmo da nossa comunicação social. O que me parece fundamental assinar é total falta de pudor do PCP, que sente-se perfeitamente à vontade em mostrar a sua veia totalitária e a sua cultura antidemocrática. É preciso perceber que o PCP usa a realidade como um acessório para as suas fantasias ideológicas e que não defende nada, defende-se apenas… e fá-lo atacando.
As salas de chuto vão avançar. No telejornal da RTP promoveu-se um pequeno debate, com dois médicos defendendo posições contrárias. O que estava a favor destas salas, porque o seu negócio depende da existência da carochada acredita nas virtudes das mesmas, falou da diminuição de riscos para o toxicodependente, das pessoas não verem aquele espectáculo degradante, etc. O partidário do contra até começou de forma prometedora, dizendo que concordaria com a solução se a toxicodependência não tivesse cura. Mas depois não desenvolve bem e mete a ONU ao barulho (e porque não os capacetes azuis a lutar contra a toxicodependência, já que para missões militares já se viu que não servem?) e enrola-se numa fragilidade argumentativa que deu pena. O que é ridículo é ninguém denunciar esta situação escandalosa de sermos obrigados a contribuir duas vezes para a causa do pó. A primeira é quando nos furtam ou roubam para arranjar dinheiro para a droga e a segunda vai nos impostos para o Ministério da Saúde “tratar” estes “inocentes”. Então aqui ninguém se lembra de falar das vítimas colaterais?
É muito interessante ver como a União Europeia tem tratado do cessar-fogo entre Israel e o Hezbolah. Primeiro que tudo, união é uma farsa. A França chegou-se à frente quando foi na altura da diplomacia e ainda se pensou que iria entrar em força militarmente devido às suas ligações com a área em questão ainda fizeram pensar que desta vez poderiam se portar à altura, para não perder prestígio (se é que o tem). Mas já se viu que a disposição era quase toda para a conversa. A Itália chegou-se à frente, é sempre uma oportunidade para brilhar. Mas brilha-se pouco quando não se é mais afirmativo e se fica numa atitude meio expectante também. E a sensação geral é que se vai deixar o tempo passar até a situação até se tornar insustentável e alguém com mais coragem tomar uma acção decidida. Se é assim que a Europa quer ter um papel relevante no mundo, só lhe resta mesmo reactivar o movimento do Não Alinhados.
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