Notas íntimas (1)
A primeira recordação sobre o assunto data por altura da primeira guerra do Golfo. O Iraque de Sadham Hussein invadiu o Kuwait vizinho. Os valores do petróleo falaram mais alto, e muito bem, colocando o mundo inteiro contra o Iraque. Estavam lá todos, os americanos, os franceses, os russos, numa imensa coligação internacional com dezenas e dezenas de países. Nem Portugal quis faltar, enviando para o Índico uma traineira de guerra. O acto não passou despercebido a Sadham, que de imediato declarou guerra a Portugal. Um gesto aparentemente irrelevante, patético, inconsequente, que passou quase despercebido na comunicação social. Mas tomei aquela ameaça muito a sério, não por receio de me alistarem de forma prematura e coerciva, mas por ser a primeira e espero a última vez tinha visto alguém a declarar guerra ao meu país. Ora, estando lá todos, espantava-me ouvir tantos dizerem que os americanos não iam derrotar Sadham assim tão facilmente. Até parecia que sugeriam que tinham sido os EUA os provocadores da situação e desejassem que o Iraque saísse vitorioso. Não percebia bem porquê, era muito ingénuo.
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