sexta-feira, julho 21, 2006

Uma guerra com comentários já planeados

Na Assembleia da República os partidos da extrema-esquerda criticam o terrorismo de estado de Israel. Esteve bem o PS, por Vera Jardim, ao notar que não os viu criticarem o terrorismo do outro lado e por só agora se preocuparem com o Líbano quando tiveram tantas oportunidades para o fazer no passado quando Israel não estava envolvido. Estiveram mal os partidos da suposta direita que se mantiveram calados, talvez por temerem ser chamados sionistas, lacaios de Bush e ouros despautérios. Bernardino Soares teve razão quando afirmou que neste assunto não se pode ser neutro. A extrema-esquerda é por natureza apologista do terrorismo dos “justos”, sendo eles naturalmente os justos. Quando eles não se podem ver envolvidos, porque quem tem cu tem medo, a melhor opção é apoiar não os justos mas aqueles que mais ferozmente se opõem aos “injustos”, com os EUA e Israel à cabeça, seguidos dos países, pessoas ou instituições que mais se distingam nas causas da liberdade (política ou económica).

O que fazem as supostas direitas? Neste caso neutralizaram-se, o que em termos práticos dá uma certa mensagem, porque a opinião pública esperaria algum apoio à posição “sionista”. As direitas europeias têm mostrado posições ambíguas em relação à política internacional. Podem ser anti-americanas quando a opinião pública também o é ou então colocam-se ao lado de Washington porque há sempre vantagens em estar ao lado da super-potência. Contudo, em relação a Israel a posição é mais cínica. É um país demasiado pequeno para existir alguma vantagem em lhe dar algum apoio. Em termos de imagem pode até haver alguma benefício em parecer vagamente anti-semita. De forma meio inacreditável, neste início de século XXI a xenofobia tornou-se num fenómeno global (não necessariamente resultado da globalização) e os judeus voltam a ser um dos ódios de estimação predilectos. Não me digam que é resultado de décadas de política sionista, não é. É o resultado de mentalidades cobardes conjugadas com campanhas de propaganda ininterruptas de ódio ideológico. Ao contrário do que se costuma dizer, a religião não foi substituída pela ciência. A religião foi substituída por toda uma série de ideologias socialistas que permitem ao mesmo tempo manter ódios de morte e uma consciência absolutamente tranquila.
MC
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