A guerra conforme os seus desejos
Os críticos mais moderados de Israel falam de acções desproporcionadas. Sinto-me muito pouco abalizado para discutir este assunto em pormenor, preferindo ler quem sabe mesmo das coisas. Contudo, há algumas notas que se podem tirar. A actuação de Israel tem sido considerada errada por vários motivos. Incrivelmente, o mais propalado pode resumir-se apenas a “Porque Sim!”, ou seja, como Israel não devia existir logo toda e qualquer manobra que façam é errada. Apesar de serem os radicais islâmicos que dizem isto abertamente, por cá muitos têm a mesma mentalidade que, por elementar pudor disfarçam com justificações mais rebuscadas em que se tenta dissimular um pouco o ódio.
Contudo, há argumentos mais sérios. Um deles é que a reacção é desproporcionada, provoca vítimas inocentes e não aumenta em nada a viabilidade da existência de Israel. O rebatimento destes argumentos não é muito difícil. Falar em reacção desproporcionada significa propor o quê? Só vejo duas opções ou não fazer nada e Israel comer e calar, ou então responder exactamente da mesma maneira que os terroristas, com raptos, ataques suicidas, bombardeamentos a zonas civis, etc. O que os comentadores sérios afirmam é que Israel tenta eliminar o Hezbolah e até agora não se viu outra forma de lidar com terroristas. Em relação às vítimas inocentes, esquecem-se que são os terroristas a misturarem-se com elas propositadamente. E sobre a viabilidade de Israel assim ficar diminuída só podemos estar a brincar. Será que a viabilidade de um país aumenta se ele aceitar voluntariamente a sua destruição?
Mas há argumentos ainda mais sérios contra a actuação de Israel, que passam pela estratégia e não pela táctica. Segundo esta argumentação, Israel mordeu o isco e fez exactamente o que se esperava. Quem fica a ganhar é o Irão, a Síria e os grupos terroristas e perdem sempre os mesmos, os povos do Líbano e da Palestina. O Irão poderá continuar placidamente no seu caminho rumo à bomba nuclear e os grupos terroristas ganham estatuto, ao ponto de agora serem considerados por todos como uma das partes que deve negociar. O grande problema é que para Israel nunca existe timing certo, há sempre uma razão para adiar, para aceitar estoicamente. Para os seus inimigos o timing é sempre certo porque não tem problemas em perder vidas inocentes.
<< Home