domingo, novembro 28, 2004

As minhas ilusões com a direita III

Os rótulos são uma coisa horrível. Ou talvez não. Talvez seja uma das formas da nossa mente lidar com um mundo hostil, que possa garantir uma evolução que dure milhões de anos. Na prática, percebo que as pessoas têm ideias bastante consistentes para aquilo que sabem que existe mas desconhecem em grande parte. Como já referi anteriormente, a minha ideia sobre a direita não era muito agradável. Imagine-se como fiquei quando me disseram que, por razões profissionais, teria de ir à sede do CDS-PP. Sensações quase viscerais de repulsa invadiram-me sabendo que teria de iria ao "covil da direita quase extrema". Na noite anterior à deslocação, o sono demorava a vir sabendo onde iria estaria no dia seguinte.

Estas sensações são estranhas, porque sempre fui moderado em termos políticos e não imaginei que tivesse em mim tão grandes preconceitos. Imaginava ser recebido por gente arrogante, snob, que iriam fazer escárnio. Ao deslocar-me para a Sede do CDS-PP, já perto da entrada tive o impulso de voltar para trás, mas claro que o dever profissional se impôs. Entrei na sede e fui recebido por um porteiro bastante simpático. Ressalvo que os meus deveres profissionais da altura não envolviam ser recebido com pompa e circunstância. Quero dizer com isto que sempre apanhei as pessoas nos locais de trabalho tais como elas são.

O certo é que não encontrei nada daquilo que esperava. Fui bastante bem recebido, todas as pessoas de uma grande simpatia e simplicidade. Percebia-se que o boa convivência reinava no local entre os presentes. Há ainda outro facto a salientar. Esta deslocação foi efectuada alguns meses antes das últimas eleições legislativas. Na altura havia um sério risco de o CDS-PP desaparecer do panorama político português. E afinal, o partido dos ricos e dos poderosos, era um partido pobre, como pude constatar pelo estado da sua sede. Mas uma pobreza de uma grande dignidade. Não me quero alongar com descrições sobre o ocorrido para não divulgar assuntos que o dever profissional pede que fiquem restritos.

Este exemplo serviu para perceber que o meu preconceito não fugia assim tanto do preconceito racista, que afirmava que certas raças são inferiores e nasceram para a escravidão. Pode parecer exagerado, e no meu caso seria uma vez que sempre fui moderado, mas para muitos a aversão que se tem pela direita não passa de racismo político. Admito que o mesmo se possa passar de forma inversa. Descobrir que estava enganado em relação à direita não me fez aderir imediatamente às suas causas, mas isso é assunto para um próximo post.

MC
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2 Comments:

Blogger MP said...

:)
Não somos nenhuns bárbaros! Nem tão pouco arrongantes ou presumidos (pelo menos a maioria - também há dos outros, como em qualquer outro local). Somos pessoas :)

10:04 da tarde  
Blogger Nilson Barcelli said...

Como é que se comenta o post de cima?

Aproveito para te dizer que coloquei um link no meu blogue para aqui vir de vez em quando.

Abraço

2:39 da tarde  

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