sábado, novembro 27, 2004

As minhas ilusões com a direita II

Só há poucos anos atrás percebi que tinha muitos preconceitos em relação à direita, mas ao mesmo tempo um desconhecimento quase absoluto a seu respeito. Várias razões podem ser inferidas do post anterior mas outras podem ser avançadas. Ainda no tempo do cavaquismo, quando não tinha ainda maturidade suficiente para apreciar as virtudes de uma governação, achava desagradável a postura arrogante de Cavaco Silva. A figura também arrogante, demagógica e irada que Paulo Portas nos ofereceu durante tanto tempo também não ajudou a ficar com uma ideia mais simpática da direita portuguesa.

A eleição de Durão Barroso para PM deixou-me envergonhado por ser português. Pensei que o descalabro seria total. Mas a verdade é que fui surpreendido. A coligação avançou com medidas que, já antes, achava apropriadas. Não tinha sentido arranjar nenhuma artimanha mental para discordar do governo, só por antes ter tão baixas expectativas a seu respeito. Bem sei que muitos acham que o governo quase nada reformou, ficou quase tudo na mesma. Talvez tenha sido assim. Mas parece que ignoram as vagas constantes de contestação que ocorreram. Pelo menos em relação à pasmaceira "guterriana", era uma diferença notável.

Não é minha atenção fazer aqui nenhuma apologia da coligação de direita. O objectivo destes posts não é fazer uma avaliação da actuação do governo, mas antes descrever a forma como as ilusões actuaram em mim. Neste caso, na imagem que tinha da direita, tão negativa, levava-me a crer que iria discordar com tudo o que ela faria no poder. O facto de até concordar com várias medidas de fundo levou-me a pensar se não teria andado iludido durante muito tempo. Contudo, outro acontecimento que referirei no post seguinte colocou a nu até que ponto andava equivocado.

MC
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