terça-feira, novembro 09, 2004

Demónios aconchegados

Tenho reparado em fóruns, blogs e respectivos comentários, que há certas pessoas que não podem viver sem um inimigo. Aliás, sem vários inimigos. Diria mesmo que, seja qual for o assunto de fundo, há um demónio por eles bem identificado. São fáceis de identificar estas pessoas nem que seja pelo uso recorrente do insulto. Para eles, os factos são meros acessórios cosméticos, uma vez que não são neles que se baseiam.

A sua argumentação, por mais rebuscada que possa ser, não foge muito de um determinado padrão. Falam dos temas actuais que possam meter os seus inimigos de estimação. Depois é apenas simplificar a situação ao máximo, com a sugestão de inúmeras intenções malévolas, vaticinando um futuro sombrio. Se levassem a sério o que dizem, com tantas previsões sombrias que durante décadas professam, achariam estranho ainda existir um único ser vivo à face da Terra.

Mas como são essas pessoas no seu trato? É um terreno movediço, mas posso realçar alguns traços comuns que tenho observado de perto. De forma surpreendente, pessoas tão amargas acabam por parecer, no seu convívio com outras, bastante cordiais e afáveis. Geralmente com uma cultura acima da média, conseguem dar um ar bem disposto, de quem sabe aproveitar a vida. No entanto, tais modos ficam em suspenso se encontram alguém que lhes faz frente. Aí os demónios despontam e as farpas soltam-se. Esta dualidade de comportamentos talvez os faça sentirem-se equilibrados...

MC
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