A nossa Venezuela
A reeleição de Chávez foi muito sentida por cá, pela positiva e pela negativa. Em ambos os casos de forma exagerada, parece-me. Começando pelos críticos, estes dizem que a vitória foi alcançada através “da compra de votos”, na prática um conjunto de políticas populistas que não são sustentáveis a prazo, ao mesmo tempo criticando as alterações à constituição de forma nefasta para conduzir a nação rumo ao socialismo. Não são as críticas que me parecem exageradas mas sim o sentimento de agastamento. Porque o que Chávez tenta fazer na Venezuela não é já aquilo que acontece em Portugal? Desde há 30 anos para cá, não têm os partidos que ascenderam à governação aumentado o estado e implementado políticas distributivas? Os postos de trabalho garantidos pelo estado, muito para além das suas necessidades, e a constante atribuição de subsídios, não constituem também uma compra encapotada de votos? Não são também medidas que a prazo se tornam insustentáveis? E se Chávez muda a constituição rumo ao socialismo, em Portugal isso não é necessário porque temos uma constituição socialista desde a sua concepção.
Por outro lado, aqueles que vibram com a vitória de Chávez, como Mário Soares, fazem-no como reacção pavloviana, do género “quem diz que Bush é um idiota assassino só pode ser um iluminado digno de veneração”. É uma reacção de alegria exagerada porque Chávez só diz estas coisas porque sabe que há idiotas que lhe acham graça.
MC
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