Campanha eleitoral II
A campanha eleitoral está de volta, para nos alegrar com o fino humor com que nos tem habituado ao longo dos anos. As principais pérolas são os cartazes, agora vulgarizados como outdoors. Espero com ansiedade todo o desenrolar que os criativos políticos nos disporão. E não me enganam, eles não querem o meu voto, apenas o meu riso.
O cartaz do PSD, abortado, foi o bombo da festa. A figura de Santana Lopes no meio de outros primeiros ministros de Portugal sabia a falso. O actual governo queixa-se de não ter tido tempo para realizar as propostas que tinha na calha, e nisso pode se queixar com alguma razão de lhe terem tirado o tapete. Mas sendo assim, Santana Lopes nunca poderia estar no lote das pessoas que fizeram mais pelo país, porque se queixa exactamente de não o terem deixado fazer tal coisa. A recusa de Cavaco Silva em aparecer no cartaz torna a coisa ainda mais caricata. Contudo, com estas críticas, a mensagem do cartaz acaba por não ser contestada. De certa forma, parece que se admite que foram mesmo figuras do PSD que fizeram mais pelo país. Aqui está um exemplo em que a crítica revela falta de sentido crítico.
Mas os partidos ricos, ou seja, os de esquerda, não podiam ficar parados por muito tempo. O cartaz do PS é aquilo que eu acho de uma coisa bem feita mas que, pura e simplesmente, não concordo. Não concordo porque a mensagem é que um partido e um homem trazem consigo a esperança. Assumem-se como salvadores, como se fossem capazes de fazer a diferença. Mas parafraseando Mises, o que os políticos têm de perceber muito bem é aquilo que NÃO devem fazer. Especialmente nesta altura, mais que nunca, os portugueses devem ganhar a consciência que a diferença é feita por cada um de nós, de forma activa. O tempo dos salvadores já devia ter passado, é tema com 2000 anos. Tenho consideração pessoal por Sócrates, mas as suas boas intenções não me deixam nada descansado.
O cartaz do BE mantém o nível a que nos tem habituado. É caso para dizer que não deixam escapar uma. Santana e Paulo Portas a sorrirem e mais 200 mil no desemprego. Não sei exactamente o que isto significa. Cada gargalhada são 5000 novos desempregados? Então a cura dos nossos males é termos governantes tristes e sorumbáticos? Bem sei que não é isto que se quer transmitir, mas o que está implícito tem tanto sentido como este raciocínio.
Espero para ver o cartaz do PCP. O novo líder, que ficou célebre há uns anos atrás por ter bebido uns copos e ter dançado em cima de umas mesas (era candidato Às presidenciais), é agora denegrido por ter sido operário. Contudo, penso que o subestimam. Tem-se mostrado bem mais dinâmico e em cima dos acontecimentos que Carlos Carvalhas. Vamos ver se há alguma novidade por estes lados.
CDS/PP é outra incógnita. O estilo de outras campanhas era tipicamente irresponsável, de quem não metia as mãos na massa e podia falar com toda a naturalidade que a irresponsabilidade permite. Será que a experiência governativa altera algo? Penso que agora vai ser complicado voltar ao estilo “popularucho”. É também uma boa altura para perceber se este continua a ser um partido de uma pessoa só.
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