segunda-feira, outubro 18, 2004

Trabalhar é a nossa salvação

Na semana passado passei pela A5 na direcção de Cascais, onde se realizavam obras de expansão da via. Lembrei-me de fazer uma contagem de quantos trabalhadores efectivamente trabalhavam. Em 24 pessoas, apenas 3 jogavam mãos à obra, sendo dois deles operadores de escavadoras, o que imagino que seja algo divertido de fazer.

Gostamos nós portugueses de recordar feitos que obtemos, no estrangeiro os portugueses serem considerados dos melhores trabalhadores que há, de certos cursos de formação que lá por fora têm que ser dados em 2 anos e por cá conseguem-se melhores resultados em apenas 9 meses e coisas do género. Apreciamos ser considerados bons, sendo certo que há uns preguiçosos aqui e ali e se somos pouco produtivos é tudo culpa da má organização. Mas será esta uma forma correcta de avaliar a situação?

Por razões profissionais, durante alguns anos deslocava-me frequentemente a locais de trabalho. Fui a centenas de locais de todo o género, tendo visto desde as condições mais elementares às mais requintadas, públicos, privados, desde minúsculas empresas a multi-nacionais. Aparentemente nada poderia existir de comum em tantos domínios diferentes. Mas aos poucos fui-me apercebendo de um padrão: Nos locais de trabalho não se trabalha! Convém referir desde já que não falo aqui de trabalhadores apenas no sentido de proletários, porque incluo também funções administrativas, técnicas e de todos os géneros.
Até poderia dizer que o que é mais é falta de vergonha na cara, porque nunca vi alguém a procurar disfarçar e fazer que trabalhava. Mas não, é simplesmente hábito e ingenuidade, alheamento da realidade. As pessoas nem se apercebem que são preguiçosas... Não quero dizer que todos os locais sejam assim, mas quando em 90% dos sítios visitados a pasmaceira é a mesma, que conclusão se pode tirar? Nesta minha explanação, tanto é trabalhador o presidente da empresa como a pessoa que varre o chão, tanto aquele que devia organizar o trabalho como o que o pretensamente o executa. Não pretendo fazer qualquer moralismo, nem alertar de perigos para esta conduta, nem do impasse internacional em que vivemos... Apenas um registo do que fui vendo por aí, que como tanto outros de pouco servirá.

MC
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