terça-feira, setembro 21, 2004

Escândalos Nacionais – Segundo escândalo

Um ex-ministro saiu da CGD, após alguns meses em funções, com uma reforma milionária. Já li algures que em 20 anos isso corresponde a perto de 1 milhão de contos, a preços de hoje. Desconheço pormenores sobre este caso, e se a tal reforma deve-se apenas ao tempo mal passado na CGD ou se é acumulável com mais umas tantas reformas do género por outras empresas que possa passar. Será caso para fazer uma investigação da situação? Talvez, mas com que objectivo? Apenas por inveja? Ou por respeito aos dinheiros públicos, que devem ser geridos com o máximo rigor em respeito aos contribuintes? Parece lógico que deve guiar-nos esta última motivação, mas a real parece ser só a da inveja. Porque a investigação devia ser bastante mais extensa, se de facto o que está em causa é o bem comum.

Não me choca particularmente esta situação, vista em perspectiva. O que me repudia foi um acumular de situações que fui ouvindo durante décadas. Vezes sem conta fui sabendo de estórias de pessoas que tiveram a sorte de terem arranjado um tacho, algumas ganhando bastante bem, colocações sem fim muito ao sabor ritmos eleitorais. Um estado que muitos sentem como um saco sem fundo, do qual não faz mal sacar o mais que puderem, esquecendo que esta gula mais não faz do que criar um moderno sistema de escravatura, em que alguns suportam o estilo de vida de outros.

Não tenho dúvidas que certas funções do estado são imprescindíveis, e de boa vontade o meu dinheiro dos impostos para lá vai. Mas não sou parvo para não saber que talvez metade daquilo que me sai em impostos vai para coisas supérfluas, para um ócio doentio. Não é só riqueza que é digerida por funções que não precisavam ser desempenhadas pelo estado (e que mal desempenhadas são frequentemente). É também riqueza que deixa de ser criada por muitos recursos humanos que se perdem no pior que há da função pública e deixam de estar disponíveis para outros domínios bastante mais interessantes a todos os níveis.


Pensei em escrever este post já há alguns dias. No tempo que passou já ouvi mais 3 ou 4 estórias típicas da função pública. São tão banais que já não nos damos conta, já espanto não causam. Esta indiferença é que é um verdadeiro escândalo nacional.

MC

|