O ministro falou mas ninguém quer ouvir
Bagão Félix fez uma comunicação “ao país” que, num lugar “civilizado”, seria inaceitável. Como foi em Portugal, chegou 10 ou 20 anos atrasada. Ouvi com extrema atenção as palavras do ministro, concordando, discordando, mas acima de tudo imensamente chocado pelos factos sobre o peso do estado. Não que fossem novidade, mas a cada dia que passa sinto-me escravo deste sistema, que se alimenta dos meus impostos, do meu sofrimento, e de forma despudorada os esbanja das mais diversas formas.
Mais chocante fiquei com as reacções ao discurso, por intelectuais e pessoas que se acham esclarecidas. Vivemos numa tenda improvisada mas perdemos tempos infidos a discutir a cor dos cortinados do palacete onde imaginamos viver. Se há aqueles que acham disparatado um ministro vir ensinar ao povo coisas que todos já sabem, outros mostram que nem o mais básico QUEREM entender.
Percebe-se a intenção do ministro. O anterior executivo foi acusado de não falar ao país. Mesmo muitos que concordaram com as suas decisões criticavam a falta de esclarecimentos. Este governo quando começa a falar do que quer fazer é criticado por falar demais. Não esperava coerência por parte de ninguém, mas esperava de ver um pouco mais de seriedade na abordagem de um tema tão fundamental como o orçamento de estado. O ministro pareceu-me sério e convicto do que dizia. Com isto não quero dizer que assino por baixo e que me agradou o tom. Mas a mensagem só passa se existir seriedade nos dois lados.
O ministro utilizou a família para explicar o orçamento. Considero isto ingenuidade de sua parte, talvez por o meio mais conservador pelo qual está rodeado dar importância a tal “instituição”. Mas que importância dão os portugueses à família, em especial no que respeita à boa gestão dos dinheiros? A ver pelo endividamento que os portugueses se meteram nos últimos anos, talvez hipotecando o futuro dos filhos, presumo que muito pouca. Mas se fossemos um país responsável também não haveria toda esta conversa, que qualquer criança saída da primária deveria dominar.
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