sexta-feira, abril 27, 2007

Promessa quebrada, nova promessa

Prometi, em tempos, elaborar uma série de posts sobre o totalitarismo baseado nas contribuições de Orwell, Hayek e Mises. Contudo, dando-me conta que o totalitarismo não é apenas a pior catástrofe que pode ocorrer numa civilização mas também um perigo real que podemos defrontar mais cedo do que julgamos, decidi aprofundar o tema e escrever um livro sobre o assunto.

Orwell descreve no livro “1984” uma sociedade totalitária «perfeita», no sentido em que todos os aspectos da vida dos indivíduos são controlados centralmente e o próprio sistema criou mecanismos para a sua manutenção perpétua. Contudo, a meu ver, Orwell não dá explicações convincentes sobre como se chegou àquele totalitarismo. Por outro lado, Orwell também não dá qualquer esperança para romper com o totalitarismo, o que dá uma força especial à narrativa mas à custa de alguns erros de análise. Nestes dois pontos Hayek e Mises dão contributos que me parecem mais relevantes.

Seria de esperar que numa obra como esta a primeira coisa a avaliar seriam as origens do totalitarismo e, depois, descrever os vários totalitarismos, ou seus esboços, que existiram (nazismo, fascismo, estalinismo, maoismo, etc.). Uma abordagem como esta, para além de não trazer nada de novo, penso ter o problema das lições que a História insiste em não nos ensinar. Cada acontecimento histórico deveu-se a uma conjugação de factores que o torna verdadeiramente irrepetível. Queremos, naturalmente, evitar situações semelhantes mas quais foram os factores decisivos que levaram à ocorrência daquelas situações? O «historicismo» pode-nos fazer enredar em pormenores insignificantes e desviar a atenção daquilo que realmente conta. Não quer isto dizer que a História ficará esquecida. Pelo contrário, será altamente lembrada mas depois (ou ao mesmo tempo, ainda não foi decidido) de apresentado um esqueleto teórico sobre o totalitarismo que contenha em si aquilo que é mesmo essencial para compreender o fenómeno.

Falando sobre totalitarismo, é legítimo perguntar se é lógico considerar que as contribuições de Hayek e Mises são de maior relevância que as fornecidas por outros autores que se dedicaram explicitamente ao assunto, como Karl Popper, Hannah Arendt ou Zbigniew Brzezinski. Não há qualquer intenção de ignorar o que disseram estes e outros autores, que serão devidamente estudados. Mas, mais uma vez, penso que o esqueleto teórico criado por Hayek e Mises, não só complementa e corrige o que escreveu Orwell, como cria o suporte ideal para albergar as contribuições dos maiores estudiosos do totalitarismo.

Quer-se, numa obra minimamente séria sobre esta temática, um background não só nos pontos referidos acima (por exemplo, não basta ler o “1984” de Orwell mas toda a sua obra e que se disse sobre ela; com Hayek e Mises já é bem mais difícil fazer isso) mas também um razoável insight em filosofia política e economia. O objectivo é também olhar para o futuro e denunciar os 5 projectos totalitaristas em curso:


1º - ONU, tentando promover um governo mundial, mas a que podemos acoplar toda uma série de projectos progressistas, desde a ecologia radical até ao multiculturalismo;

2º - União Europeia e a sua “integração política”;

3º - Integrismo islâmico;

4º - Foro de São Paulo, que tenta recuperar na América Latina aquilo que perdeu na Europa de Leste;

5º - China, uma grande incógnita onde o capitalismo pode ser o melhor fermento para o socialismo ou o seu carrasco.


Se conhecer o anti-semitismo é importante para compreender os projectos totalitaristas do passado, hoje em dia é imprescindível a abordagem do antiamericanismo. E mais importante que o anti-capitalismo será perceber o anti-clericalismo, em especial o anti-cristianismo.

Para aqueles que me disserem que é uma tarefa demasiado ambiciosa, digam-me onde estão reunidos todos estes assuntos de forma coerente num só volume que passo já a para uma das muitas tarefas que reclamam um pouco do precioso tempo.

Darei notícias sobre este assunto daqui a 2 ou 3 anos.

MC

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