Jean-François Revel (13)
ANTIGLOBALIZAÇÃO E ANTIAMERICANISMO (II)
Os manifestantes antiglobalização actuais e os activistas de 1968 partilham não só a visão marxista do mundo mas também a pretensão de que as manifestações de rua têm uma legitimidade superior à dos governos eleitos. É uma armadilha a que muita da esquerda (e direita, acrescento eu) não resiste. É natural a atenção dos políticos às manifestações, nem que seja por razões eleitoralistas, mas se começarem a actuar em função delas cedem numa chantagem que se irá intensificar até destruir os fundamentos da democracia. Quando a esquerda classifica a globalização de perniciosa, apenas pensa no mercado porque ela mesma sempre teve projectos globalizantes. Estão contra a globalização liberal mas a favor de uma planificada com maior intervenção estatal.
Opõem-se também a esta globalização porque o seu símbolo são os Estados Unidos. Contudo, a globalização começou bem antes da formação deste país. Existiram alguns esboços durante o Império Romano e a Idade Média, mas foi a partir do século XV que a Europa inaugurou a globalização no sentido moderno. Em termos formais, a actual globalização começou em 1941, em plena guerra, com a assinatura da Carta do Atlântico por Churchill e Roosevelt, que pugnava pela liberalização do comércio mundial. Em 1944 o secretário do tesouro de Roosevelt, Morgenthau, condenava publicamente políticas como o controlo de câmbios, desvalorizações e levantamentos de barreiras alfandegárias por gerarem depressão económica e guerra. O grande impulso da globalização foi dado pelas políticas liberalizantes de Reagan e Tatcher e pela derrocada do comunismo.
Uma crítica que se faz frequentemente aos EUA é a pretensão de serem uma nação eleita, encarregue de iluminar o resto do mundo. É bastante caricato haver governantes franceses fazerem críticas destas quando a França é pródiga em conceber verbalizações idênticas em relação a si mesma. Vários franceses de relevo propõem que a França faça esforços para ser ela a liderar a globalização, não esta que temos mas uma em que impere a «afirmação dos Estados contra as leis desenfreadas do mercado», segundo Lionel Jospin. A preponderância dos EUA nesta globalização é tida como o resultado da arrogância desta nação, quando é consequência natural de alguns eventos históricos, como as experiências económicas e políticas europeias entre guerras e a derrocada do comunismo. A Europa só devia queixar-se de si própria por não superar os EUA, como aliás era a sua intenção, uma vez que não lhe faltam recursos humanos e materiais. Contudo os americanos são bem mais eficazes, com melhor organização e capacidade de adaptação, invenção e inovação. São os preconceitos ideológicos que bloqueiam a Europa.
Opõem-se também a esta globalização porque o seu símbolo são os Estados Unidos. Contudo, a globalização começou bem antes da formação deste país. Existiram alguns esboços durante o Império Romano e a Idade Média, mas foi a partir do século XV que a Europa inaugurou a globalização no sentido moderno. Em termos formais, a actual globalização começou em 1941, em plena guerra, com a assinatura da Carta do Atlântico por Churchill e Roosevelt, que pugnava pela liberalização do comércio mundial. Em 1944 o secretário do tesouro de Roosevelt, Morgenthau, condenava publicamente políticas como o controlo de câmbios, desvalorizações e levantamentos de barreiras alfandegárias por gerarem depressão económica e guerra. O grande impulso da globalização foi dado pelas políticas liberalizantes de Reagan e Tatcher e pela derrocada do comunismo.
Uma crítica que se faz frequentemente aos EUA é a pretensão de serem uma nação eleita, encarregue de iluminar o resto do mundo. É bastante caricato haver governantes franceses fazerem críticas destas quando a França é pródiga em conceber verbalizações idênticas em relação a si mesma. Vários franceses de relevo propõem que a França faça esforços para ser ela a liderar a globalização, não esta que temos mas uma em que impere a «afirmação dos Estados contra as leis desenfreadas do mercado», segundo Lionel Jospin. A preponderância dos EUA nesta globalização é tida como o resultado da arrogância desta nação, quando é consequência natural de alguns eventos históricos, como as experiências económicas e políticas europeias entre guerras e a derrocada do comunismo. A Europa só devia queixar-se de si própria por não superar os EUA, como aliás era a sua intenção, uma vez que não lhe faltam recursos humanos e materiais. Contudo os americanos são bem mais eficazes, com melhor organização e capacidade de adaptação, invenção e inovação. São os preconceitos ideológicos que bloqueiam a Europa.
MC
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