O projecto da esquerda
É difícil reconhecer qual é o projecto da esquerda. Por todo o mundo, quando a esquerda governa e aplica as suas medidas, rapidamente a economia definha e tudo o resto é aspirado numa espiral descendente. Por isso, muitas das esquerdas no governo colocam o socialismo na gaveta. Se juntarmos a isto as muitas direitas em governo que, por complexos de inferioridade, adoptam amplas políticas sociais, surge a justificação de que já não há diferença entre direita e esquerda e “eles são todos iguais”.
A verdadeira esquerda parece estar sempre na oposição. É uma posição confortável, em que foge às reponsabilidades mas as exige continuamente aos que executam. A esquerda assume-se, deste modo, como a reserva moral da sociedade. O conservadorismo anacrónico (parece um pleonasmo mas não é) foi desacreditado e a esquerda bem pensante assumiu o seu lugar. A esquerda em oposição é uma herdeira longínqua de Lenine, com a utilização da Teoria do Insulto. Tem também a sua cosmologia negativa, explicando o mundo com sucessivas teorias da conspiração.
Percebo que nem todas as esquerdas são iguais. O problema é haver cada vez menos pessoas de esquerda lúcidas que se demarcam das correntes mais extremistas. Quem se considera de esquerda e quer manter a sua honestidade devia resistir mais a estas modas. O carácter de uma pessoa vê-se pela resistência que tem às soluções fáceis. A esquerda tem que resistir aos seus próprios excessos porque se não o fizerem não passarão de pessoas sem ideias e que o único projecto que têm é deitar abaixo projecto dos outros.
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