terça-feira, julho 26, 2005

Portugal é um filme de Ed Wood

Não gosto de dar conselhos, mas desta vez não resisto: Aprendam chinês e preparem-se para emigrar a qualquer momento!

Ed Wood é considerado o pior realizador da história do cinema. Não o fazia de propósito, era esmerado no trabalho e tinha um verdadeiro amor pelo cinema. Os seus filmes tornaram-se clássicos, e cada vez que os vemos ainda nos parecem piores. Portugal e a actual situação política começam a fazer lembrar uma intriga realizada por Ed Wood.

Este país não é castigado com muita frequência pelas catástrofes naturais. Em vez disso, vai sendo fustigado pela estupidez humana. Que a estupidez é algo omnipresente, não é grave. O problema é quando se torna no factor decisivo. Os portugueses habituaram-se a engolir tudo o que lhes dão e, paradoxalmente, a protestar por tudo e por nada.

Escrevo este post devido às duas cerejas que caíram em cima do bolo: A mais que provável candidatura de Mário Soares à Presidência da República e a confirmação da OTA e do TGV. Pensava eu que Mário Soares tinha já um estatuto de inimputável e ninguém o levava a sério. Ingenuidade minha, porque o PS mostra mais uma vez que está disposto a tudo para conseguir os seus objectivos. Será que “Portugal” vai perder todo o respeito por si mesmo e voltar a eleger uma pessoa que defende o diálogo com o terrorismo? Além de ser a mesma pessoa que há bem pouco tempo atrás disse veementemente que seria impossível voltar a candidatar-se.

OTA e TGV não são bem a mesma coisa. Parece quase consensual que o TGV será mais ruinoso que a OTA. Principalmente, se for feita a aposta também no transporte de mercadorias com ligação ao porto de águas profundas de Sines, há a possibilidade do investimento vir a tornar-se razoável.

Contudo, os argumentos em favor da OTA são de uma pobreza extrema. Os argumentos contra a construção do novo aeroporto são de tal forma avassaladores que é preciso encontrar outras explicações para a sua construção. Por um lado existe a crença irracional dos socialistas de acharem que o investimento público é o motor da economia. Ao mesmo tempo, a dimensão do projecto pode fazer diminuir os índices de desemprego de forma artificial. Além do mais, a quantidade de estudos por fazer sempre dá para distribuir uns quantos postos de trabalho muito bem pagos aos boys do PS.

Mas foi isto que o país escolheu. Já passamos da fase do pão e circo. Agora temos apenas circo.

MC
|