sexta-feira, abril 29, 2005

Trapalhadas


A actuação deste governo tem testado a isenção dos jornalistas e público em geral. Ou melhor, a falta dela. Tudo o que anterior governo fazia ou dizia era considerado logo uma trapalhada até prova em contrário. Não havia ninguém que do alto da sua arrogância não tivesse um dedo para apontar, as contradições entre os ministros, os discursos de Santana com páginas trocadas, o caso Marcelo.

Mesmo antes de entrar em funções, os socialistas ameaçaram logo voltar a calar Marcelo Rebelo de Sousa. Os ministros contradizem-se não apenas em questões de somenos mas nas próprias linhas orientadoras da governação. Anunciam-se medidas, para depois voltar atrás sem grandes explicações, ou alegando deficiente interpretação. Algumas medidas emblemáticas, defendidas em campanha com tanta convicção, agora passaram à fase de estudo. Qualquer inteligência mediana acharia normal que a convicção mostrada adivinharia estudos prévios. Mas aqui compreendo que se trata de uma mentira piedosa. O governo já se apercebeu que certas medidas que embandeirou não serão fáceis de concretizar e por isso dá a desculpa de serem necessários estudos, com a vantagem de até dar um ar de humildade.

Se pensarmos que o governo instalou um estado de silêncio, que goza do beneplácito da comunicação social e mesmo assim não consegue disfarçar uma grande desorientação, não podemos deixar de ficar apreensivos. E a minha apreensão aumenta também por a confiança geral dos portugueses subir, não por estarem a acreditar mais em si, mas por serem levados por uma onda de “positivismo socialista” com apoio da comunicação social.

MC

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