quinta-feira, janeiro 20, 2005

Campanha eleitoral V

Sócrates promete o que acha que todos querem, porque também acha que o que todos dizem querer não é bem o mesmo que aquilo que acham que querem. Ou de forma mais compassada. Sócrates promete porque sente o anseio dos eleitores. Mas como sabemos, a democracia não serve para escolher os melhores para nos governarem mas para jogar fora aqueles que já não suportamos. O jogo é algo como “eu não digo a verdade e tu não admites a mentira”. Confuso? Sim, por isso não voto, para manter a sanidade mental.

Os jornais televisivos são uma coisa curiosa. Sabemos que ao ver ficção nos estão a vender uma ilusão. Contudo, facilmente esquecemos que os jornalistas fazem-nos o mesmo. Há partidos e figuras que são enaltecidos e outros denegridos. Há formas mais ou menos subtis de o fazer. Claramente BE e PS, neste momento, são favorecidos. CDS depende das amizades.

Antes de sair de casa assisti a duas peças de propaganda, em duplicado. Porque ambas mostravam reportagens de propaganda, no PSD e PCP, e por cima de cada peça os jornalistas faziam propaganda negativa. Em relação ao PSD não é preciso grande requinte. Neste momento basta lançar umas bocas para fazer soar uns “sininhos” na cabeça das pessoas. O partido que sai do poder tem sempre tudo contra ele, não há nada que tenha feito bem, nenhum mérito lhe assistiu. As esperanças que um dia viram depositadas em si são agora pertença do outro partido de poder.
Em relação ao PCP, é um “case study”. Inevitavelmente as reportagens mostram gente envelhecida, com ar enfastiado, pouco enérgico. Se possível, apanham-se rostos em expressões caricatas ou partes do discursos que soam a repetitivos e sem interesse. A mensagem é clara, o PCP tem de parecer velho e a caminho da inexistência, não se juntem a ele. Vejam o BE, tão mais enérgico, engraçado, com tantas raparigas giras, com sexo e drogas. Não é tão excitante?

MC
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