O cravo e a ferradura
O nosso governo parece andar indeciso entre o cravo e a ferradura. Por um lado, dá indícios de querer bater forte na ferradura, porque sabe ser isso inevitável, mesmo que custe de início. Por outro, ainda está um pouco refém da época dos cravos, das esperanças ilimitadas. Os cravos murcharam, por isso os seus defensores andam irados.
Mas como bater na ferradura? O anterior executivo dizia que era difícil, mas tinha de ser. Má pedagogia. Não foi lançado nada de aliciante, nenhum desafio, apenas um apertar do cinto. A governação de Sócrates tem mostrado alguma coragem, com a questão dos medicamentos de venda livre e agora com a anunciada redução das escandalosas férias judiciais. São duas medidas que mexem com interesses poderosos. Mas não foram anunciadas medidas que mexam com as pessoas. Aqui o PS cede aos cravos, talvez por acreditar que a coesão social se consegue com proteccionismo.
É ainda muito cedo para saber se a ferradura se sobreporá ao cravo, mas para sermos bons cavalos de corrida e juntarmo-nos ao pelotão da frente, não chegaremos lá com cravos.
MC
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