segunda-feira, janeiro 24, 2005

Campanha Eleitoral VII

De certa forma, estou rendido à maioria que me rodeia. Essa maioria é aquilo que eu chamo de salazaristas de extrema-esquerda. Querem o pior dos dois mundos, conservar o que é mau, revolucionar o pouco que está bem. Se o PS ganhar as eleições irei ouvir um menor número de barbaridades por dia. Se fossem os partidos da dita direita iria continuar a ser o inferno. Também espero que a administração Bush não faça mais intervenções militares, porque outra campanha de desinformação e de histeria compulsiva seria impossível de suportar.

Mas voltando à campanha... Sócrates e Santana sofrem do mesmo problema. São ambos boas pessoas, querem o melhor para o país e gostam de tomar decisões. É a receita infalível para a desgraça. Santana é uma incógnita e a prova que a direita não existe em Portugal. Boa parte das suas medidas seria vista, em teoria, com bons olhos por partidos de esquerda. Outra parte até os liberais podiam aplaudir. Sócrates é mais constante, é invariavelmente mau nas suas propostas. Tenho ficado aterrado com esta campanha. Cada vez que ouço alguém do PS falar espero sinceramente que esteja a mentir, a dizer coisas bonitas apenas para vender ilusões ao povo.

Os portugueses ainda não se desfizeram das ilusões dos contos de fadas. Ainda dividem os bons dos maus. Ainda acreditam numa complexidade mínima do mundo, que boas intenções têm bons resultados e naturalmente as más intenções levam à catástrofe. Contudo, a vida não é assim, a realidade é mais complexa. As pessoas não agem motivadas apenas pela razão, nem tal seria possível. A incerteza faz parte da vida e muitas vezes são vezes os mentirosos, invejosos e os cobertos de ódio que marcam o passo para os restantes.

Por isso ainda se acredita que basta alguém com boas intenções consegue fazer um trabalho fantástico. As promessas de distribuir riqueza ainda convencem muitos. E os que não são convencidos acham que as promessas não são cumpridas apenas pela má fé. Mas haverá coisa mais fácil que ser Robin dos Bosques? Roubar aos ricos é fácil, mas tornar-se um por mérito próprio é bem mais difícil. Mais difícil ainda é saber governar e abdicar do poder conscientemente por forma a que todos fiquem um pouco mais ricos.
Assinar um papel é fácil. Tantos milhões para os idosos ou mais uma auto-estrada sem portagens. Há dinheiro? Claro que sim, mais impostos, hipoteca-se o futuro, tudo em nome da solidariedade, haverá de dar frutos. Como é fácil distribuir, especialmente quando nunca se sofreu para criar riqueza. Como é fácil ser justo e altruísta com o dinheiro alheio. Como é bom ver os outros alegres quando se tem um saco sem fundo a onde se pode recorrer.
MC
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