sábado, maio 21, 2005

Jorge Coelho no seu melhor


Vejo JC discursar na televisão. O homem não consegue esconder que se trata de um dos maiores grunhos deste país. Para ele é uma festa o défice “ser” 7 % e conseguir colocar todas as culpas no governo anterior. Serve logo isto de mote para lembrar que o PSD quando assumiu governo muito se queixou de ter herdado um déficit de mais de 4 %, e agora deixaram um de 7%. Acrescenta que esta gente não tem vergonha na cara e querem fazer dos portugueses parvos.

Pensei logo que JC também quer fazer os portugueses de parvos com estes discursos imbecis. Sinceramente, penso que é uma das pessoas que devia estar presa, conjuntamente com toda a tralha guterrista que talvez tenha dado a machadada final neste país. Mas passo a explicar porque razão esta pessoa que me causa asco.

JC esquece logo de dizer que o valor redondo de 7% é para 2005 e não um valor herdado. Boa parte desta estimativa baseia-se naquilo que o PS mostra que será a sua governação. Mas isto não é o ponto principal, porque não se espera que um novo governo consiga provocar grandes alterações. Este tipo de omissões selectivas são apanágio de qualquer político e não justificariam grande indignação da minha parte.

JC faz os portugueses de parvos porque omite uma parte fundamental de todo o processo. O déficit deixado pelo PS é de uma muito maior gravidade por ter sido obtido após vários anos seguidos de expansão económica, não há qualquer desculpa. Aquilo que temos agora resulta de muitos factores. Não se pode esconder o facto de ter havido uma recessão mundial e o preço do petróleo ter subido bastante. O governo anterior podia ter feito mais, sem dúvida. Faltou coragem, competência técnica, vontade.

Contudo, é de um descaramento desmedido ser JC, um dos principais responsáveis socialistas, vir criticar isto, quando o PS se opôs ferozmente a qualquer medida que ia no sentido de controlar a despesa pública. Não esquecendo ainda o PR afirmar que o déficit não podia ser uma obsessão. E ainda, ser o discurso de JC dirigido a Marques Mendes, quando este se demarcou de várias posições do anterior executivo sobre esta matéria. Tenho ainda que saudar Marques Mendes por ter afastado Valentim Loureiro da corrida para Gondomar, porque é uma espécie de Jorge Coelho do PSD.

MC

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