quarta-feira, dezembro 14, 2005

Desigualdade e pobreza

Os discursos politicamente correctos juntam sempre as temáticas da “pobreza” e das “desigualdades sociais”. Convenientemente, nunca explicam em profundidade o relacionamento entre ambas. Porque na verdade não existe qualquer correlação. Seria mais correcto associar as desigualdades sociais à riqueza do que à pobreza. Não é necessária uma mente brilhante para perceber isto, mas a “gordura ideológica” torna o raciocínio lento e viscoso, que prefere tomar alguns atalhos seguros.

Numa sociedade de pobres, a típica sociedade socialista, não há desigualdades.Com um misto de terror, emprego garantido, pão e algum circo, o socialismo real parece algo menos mau. A sociedade pode ser mesquinha mas não tem muito para invejar. Nem para ambicionar. Os próprios teóricos socialistas não têm argumentos para falar em distribuir riqueza neste ambiente. Não lhes convém falar daquilo que, afinal, o modelo que idealizam não consegue produzir.

Os teóricos socialistas irritam-se com a riqueza criada pelo capitalismo porque o seu socialismo real não consegue produzir os mesmos efeitos. Como demonstrar inveja, seja em que contexto for, parece mal, os socialistas mudam a tónica para as desigualdades sociais. Mais que isso, conseguem de forma eficaz passar a ideia que a riqueza de uns só pode advir da pobreza de outros. Tentam convencer dois tipos de pessoas. Por um lado, captar a atenção dos invejosos, que não tiveram nem arte nem engenho para criar riqueza. Mas também dos bons corações, que acreditam sinceramente na possibilidade de criar uma sociedade melhor.

É curioso que são estes últimos, os ingénuos, os mais perigosos, porque acabam por ser os maiores defensores das políticas intervencionistas. Os invejosos, no fundo, admiram quem sabe criar riqueza. Mais que isso, não querem abdicar da possibilidade de também a atingirem. Por estarem mais próximos da realidade, os invejosos acabam por ser uma fonte de esperança.
MC
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