sábado, outubro 08, 2005

Notas sobre a campanha eleitoral

Não tenho muito a comentar excepto as coisas óbvias, tipo Manuel Maria Carrilho é o pior candidato de todos não só em Lisboa mas a nível nacional, seja lá qual for o partido ou independente corrupto. Reparem que consegui fazer uma gracinha sobre Manuel Maria Carrilho sem falar em Bárbara Guimarães, mas já tinha umas na manga. Por exemplo, se Carrilho perder fazia um post a dizer “Bárbara Guimarães perde as suas primeiras eleições”.

Mas há uma razão mais séria para não ter muito a comentar. Aqueles jovens que nos telefonam a casa depois de jantar, a perguntar onde iremos votar, baseados nas propostas que temos ouvido na comunicação social, parecem que têm ouvido muito um tipo de resposta: “Olhe, se quer que lhe diga, nem sei. Eu só ouço falar das presidenciais.” É certo que os últimos dias tem sido mais visíveis para as autárquicas. Obviamente que isso não tem nada a ver com o maior empenhamento de Sócrates e com o lançar da campanha anti-corrupção pelo censor Louçã.

E por falar no nosso inquisidor, esperei ontem para ver se os media falavam em Salvaterra de Magos, onde o bloco tem a sua única câmara e a presidente foi constituída arguida. Não vi nada, o que não me espantou, mas no decorrer da noite, à medida que o fim oficial da campanha se aproximava, quando fazia zapping apanhei um jornalista a fazer a pergunta difícil a Louçã. E finalmente consegui ver a verdadeira natureza do homem, que espumava pela boca. Ao contrário da postura controlada, jocosa, de uma altivez insuportável, Louçã mostrava nervosismo, enganava-se, tremia, estava enraivecido, elogiava a autarquia de Salvaterra de Magos como mais impoluta do país. Se tivéssemos jornalistas a sério, que apertassem os calos aos bloquistas como fazem a qualquer outro político (exceptuando algumas figuras do PS), talvez os nossos jovens imberbes se apercebessem que apenas andam a votar num Le Pen de extrema-esquerda.
Por outro lado, há a questão do voto útil. Há quem se indigne com o voto útil, não sei se preferem o voto inútil. Se votasse seria nos comunas. Politicamente não têm nada a ver comigo, mas uma câmara municipal é um cargo onde penso que a competência é mais importante que as convicções políticas. Mas seria um voto útil, para impedir que qualquer autarca do PS voltasse a governar Setúbal. As informações que me vão chegando sobre os autarcas do PS, um pouco por todo o país, mostram um padrão aterrador. Largos indícios de corrupção e certezas absolutas de incompetência. O facto de ser Jorge Coelho a escolher os autarcas e do próprio PS não ter pudor em afirmar que escolhe aqueles que pensam que irão ganhar e não aqueles que têm qualidade é relevante.
MC
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