sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Bill Gates

Num país virado à esquerda (e bem, porque me permitiu uma adolescência pouco esforçada) a riqueza é vista como um mal a abater. Perdão, a distribuir. Por isso acho deveras curiosa a recepção ao homem mais rico do mundo. Bill Gates desperta um fascínio, como se fosse um príncipe das estórias encantadas. Todos elogiam a inteligência, o poder visionário, as acções beneméritas. Poder-se-ia argumentar que Bill Gates é diferente, e por isso deve ser visto de forma diferente. Mas quantos homens ricos não foram também inteligentes e beneméritos e, mesmo assim, a ideia geral é que os ricos são pessoas execráveis que só vivem à custa da exploração dos outros? Penso que a contradição se resolve considerando quais são os factores determinantes no formar de opinião. A lógica e a coerência apenas em alguns casos tomam a dianteira. Em geral, a inveja, o “carneirismo”, o querer ficar bem na fotografia, ditam quais são as opiniões sobre os assuntos e as pessoas.
MC
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