Nacional e Internacional
UM GOVERNO ÀS DIREITAS
A contestação a este governa aumenta. Só podemos ver isto como sinal positivo. De certa forma, parece que já vimos este filme algures. Alguém que ganha eleições prometendo baixar impostos e a primeira decisão de fundo que toma é aumentá-los. De seguida anuncia a tomada de medidas de austeridade que provocam uma contestação geral. O governa diz que vai realizar reformas profundas, que não passarão de meros paliativos, quanto muito poderão melhorar as contas públicas sem mexer no problema de fundo. Com o passar do tempo, essas reformas passarão a retoques para acalmar a contestação. No fundo, o governo não irá resolver problema algum e ficará mal visto por todos. O Presidente da República irá... Mas é melhor não contar o filme todo, para não perder o interesse.
CONSTITUIÇÃO EUROPEIA
Antes que me corrijam e digam que não é Constituição mas Tratado Constitucional, digo que tal distinção não me interessa fazer agora. Ao contrário de muitos, não tenho uma opinião ainda formada sobre o dito documento. Contudo, penso que se está a passar na Europa algo terrivelmente estranho. Sempre me disseram que em democracia ganha-se ou perde-se. Perder não é uma humilhação, há que saber respeitar os resultados, haverá outras oportunidades, etc.
Contudo, percebo agora que no caso dos referendos sobre o documento, a única votação admissível era o SIM. Parece que nem por um momento passou pela cabeça destes políticos que, havendo dois resultados possíveis, o NÃO podia ganhar. Nunca tinha assistido a votações em que existisse uma tão grande chantagem sobre os cidadãos. Dizem-nos que o NÃO significa o fim da Europa. Ficamos assim a saber que a constituição era a única coisa que poderia viabilizar o futuro europeu. Tentam meter-nos medo com os americanos, os chineses, os indianos. Dizem-nos que renegociar o tratado é impossível, e não se apercebem que tudo começou mal por ter sido uma negociata que visava a satisfação de egoismos.
Por outro lado, quando argumentamos que a Constituição Europeia vai tirar soberania aos estados, dizem-nos que não, que é um documento que vai alterar pouco ao actual estado de coisas. Sendo assim, como é possível ser este um documento salvador? Parece-me, antes, um documento na senda de outros flops como a Estratégia de Lisboa. A Europa política perde a grandiosidade que pensa ter tido em tempos e acha que a salvação se faz, ao invés de com trabalho e coragem, com uma re-organização de poderes. Por outro lado, os principais (ou melhor, os mais visíveis) opositores à Constituição apegam-se a nacionalismos bacocos ou às eternas marchas anti-sistema, anti-capitalismo. Por isso, com ou sem Constituição, o futuro da Europa parece ser o lento e agonizante definhar.
MC
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