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O intermitente deu lugar ao O Insurgente. Mais um blog colectivo que, como se sabe, têm uma dinâmica incomparável aos blogs solitários.
E um toque feminino com o Eternamente Menina.
MC
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O intermitente deu lugar ao O Insurgente. Mais um blog colectivo que, como se sabe, têm uma dinâmica incomparável aos blogs solitários.
E um toque feminino com o Eternamente Menina.
MC
Porque, como em tantas coisas, ser liberal não é para quem quer mas para quem pode. O liberalismo não é intuitivo, não está nos nossos genes, ao contrário de teorias totalitárias que “querem” impor a felicidade pela coerção total ou pela fraternidade utópica, que derivam directamente da evolução da humanidade em “matilha”. O liberalismo foi coligido a partir de experiências com um mundo novo, em mudança, em que as relações entre desconhecidos passam a ser a dominante, e em que deixa de ser possível controlar tudo ou mesmo parte significativa das coisas.
Sendo relativamente fácil decorar os princípios do liberalismo, apreende-los é bastante mais complicado. Conseguir raciocinar com uma lógica liberal implica ganhar uma segunda natureza, porque a nossa tendência original é achar que soluções socialistas ou fascistas resolvem o assunto. Muito fácil é cair em contradição, dar uma importância excessiva à propriedade privada, ou avaliar mal as questões da liberdade, fazendo do liberalismo uma coisa sentimental, traindo aquilo que ele é. Defender o liberalismo como solução para tudo, quando muitos problemas não têm solução ou quando o liberalismo, ao invés da solução, é apenas o menor dos males. E também, cair na tentação de achar que o liberalismo é uma teoria fechada e não pode ser revista ou sujeita a novos desenvolvimentos.
Por tudo isto e mais uns quantos argumentos que se lhe podiam juntar, nunca me poderia auto-denominar liberal quando a meu domínio do raciocínio em causa é ainda tão vago e as tentações em que posso cair tão grandes.
MC
Já sabíamos que Marques Mendes (MM) era um homem pequeno, mas agora mostrou também ser um pequeno homem. MM criticou Santana Lopes por este ter sido populista e com uma trajectória aos ziguezagues. Por isso, propõe fazer um ziguezague à esquerda já que isso é popular...
MC
Constou-me, por certos blogs, que Odete Santos (uma das personalidades mais marcantes do campo comunista) brilhou num programa televisivo, na RTP, que se queria sério. Falou sobre economia, arrancando aplausos à plateia com brilhantes atoardas, enquanto especialistas presentes não o conseguiram fazer.
Nada disto me surpreende. Se o problema fosse de índole diferente, por exemplo, com a presença da astróloga Maya e um distinto astrofísico, certamente o público iria aplaudir a carismática Maya, bocejando ao ouvir o doutor em ciências do espaço. O povo necessita de ouvir as suas verdades.
MC
É comum dizer-se que na terceira idade se volta a ser criança. Em geral, os idosos ficam mais dependentes e frágeis do ponto de vista emocional. Voltam a fazer birras, alguns usam fraldas. Contudo, em tempos de eleições, os portugueses também mostram ser crianças.
Os pais ensinam aos filhos uma série de valores. De especial importância, são aquelas coisas que é preciso convencer as crianças a fazer (ou a deixar de fazer) mas que lhes causam desconforto, tipo comer a sopa, lavar as mãos antes das refeições, não fazer birras, não comer doces até rebentar, não estar sempre à espera de recompensas a curto prazo, estudar, etc. Mesmo quando não é com os filhos, é comum os mais velhos terem uma atitude paternalista com o mais novos, eles têm ainda muito que aprender.
Contudo, estas virtudes da calma e do sacrifício provisório, para depois obter uma maior recompensa no futuro, são desprezadas pelos portugueses em termos políticos. Quem o diz (não explicitamente) é Luís Paixão Martins, responsável pelo marketing do PS nesta campanha eleitoral(ver aqui.).
Todas as banalidades que Sócrates foi dizendo limitaram-se a ir de encontro àquilo que os portugueses queriam ouvir. Ou seja, combater o desemprego, desvalorizar reformas e o estado da justiça. Sócrates, que se inspirou em Kennedy, não percebeu que a mensagem que este antigo presidente dos EUA deixou de relevante não foi a das novas fronteiras mas outra. Outra em que referia que os políticos deviam, para o bem do próprio povo, por vezes governar contra as opiniões desse povo.
Vamos ver se Sócrates tem coragem de ser impopular, espero que sim. Mas sendo os portugueses politicamente infantis, para os satisfazer mais não basta que o equivalente de os levar ao circo ou dar-lhes uma playstation.
MC
Se alguém tem seguido o que tenho escrito neste blog sabe que tenho sido crítico para Sócrates. Contudo, ele é agora o meu Primeiro Ministro e espero que faça o melhor possível. Duas constatações paradoxais. Por um lado, quase não existiram comemorações de uma vitória absoluta. Mas apercebo-me que em geral as pessoas estão mais alegres e esperam mesmo uma mudança. Parece que Sócrates conseguiu mesmo dar confiança às pessoas.
O regozijo pela derrota da “direita” é enorme. Sabe-se que isso explica muito do que aconteceu. A democracia parece-me claramente um sistema de compensações emocionais. Os maus foram embora, aqueles que povocaram o desemprego, os baixos salários, os preços elevados, a falta de chuva, o buço da mulher, a unha encravada, o aquecimento global, a falta de sorte, a preguiça, a excesso de peso...
Causa-me alguma perplexidade ver o discurso de Louçã ganhar adeptos um pouco por todo o lado. Aqui reside uma grande incógnita. Talvez a votação do BE seja uma coisa circunstancial e não se vote a repetir. Ou então, muitas das pessoas que já admiram Louça, mas ainda não tenham tido o ímpeto de votar no BE, o façam nas próximas eleições. Vendo bem, somos ainda piores que os franceses e é natural que tenhamos também o nosso Le Pen que, por razões históricas, não poderá ser à extrema-direita mas extrema-esquerda.
Sendo este um blog de curta tiragem, não é possível acompanhar a par e passo todos os desenrolares políticos. Há outros blogs que o fazem muito bem. Contudo, não deixarei de ir comentando os aspectos que achar mais relevantes.
MC
A subida do PS ao governo irá ser um bom teste ao que tenho aprendido nos últimos anos em matérias de política e economia. Em grande parte, devo essa aprendizagem a vários blogs e ao incansável trabalho e dedicação que os seus autores colocam numa actividade não paga, disponibilizando informações e estímulos que tenho tentado absorver. A pergunta que me faço é se, depois de andar quase 2 anos a ler blogs, aprendi eu de facto alguma coisa.
Irei testar a minha ignorância com a “nova” governação socialista. Se aprendi algo e Sócrates aplicar mesmo aquilo que sugere, então teremos maus resultados. Há sempre que conjugar isto com a conjuntura internacional, tendo em conta a natural inércia que produz atrasos, bem como a toda uma série de factores sempre em disputa. Contudo, a margem de manobra afigura-se tão pequena que os erros que se esperam não poderão ser camuflados como na anterior governação guterrista.
Caso os resultados sejam favoráveis daqui a 3 ou 4 anos, então terei de perceber que afinal não aprendi nada. Terei que admitir que andei equivocado e começar a aprender tudo de novo. Seria agora natural dizer que preferia estar errado, porque isso significava ser o melhor para o país, mas não há a mínima coisa que me faça crer que governação socialista será globalmente positiva. Contudo, o que sempre defendi é que as crenças, desejos ou simples “achismos” devem sempre ser postos de lado se forem negados pela realidade. A ela tentarei continuar atento.
Não me vou alongar muito. Essencialmente penso que quem vota o faz por razões emocionais e a razão está largamente afastada do processo. No começo dos posts sobre a campanha eleitoral parti com a ideia que PS e PSD não divergiam muito nas suas propostas, nem os seus líderes eram muito diferentes. Também eu parti envenenado contra Santana Lopes, mas agora as coisas parecem-me bem claras.
Pelo debate de ontem concluí, sem qualquer margem para dúvidas, que o PS faz parte do problema e não da solução. É certo que a coligação não consegui de forma alguma resolver os graves problemas que temos, mas uma nova governação PS só os irá piorar bastante. O problema de Sócrates e do PS é que acreditam mesmo naquilo que propõem. Basicamente, estão dispostos a sacrificar o princípio da realidade porque têm boas intenções. O PS vai fazer uma imensa terapia global com a distribuição de dinheiro. Aguardo, sem muita expectativa, pelos resutlados.
Dizer que a História se repete é algo muito vago. Sendo picuinhas, nada se repete, cada acontecimento é único. Por outro lado, são infindáveis os paralelos entre acontecimentos do passado e aqueles que agora percorremos. Mas podemos pegar em pedaços de História dispersos e rapidamente verificamos que nada daquilo nos serve, tem muito pouco a ver connosco. Serve isto para dizer que, por vezes, acontecimentos históricos voltam a suceder-se, de forma aproximada. Mas esses acontecimentos não se repetem da mesma forma e por vezes repetem-se apenas até determinada fase e, depois, tomam rumos que nada têm a ver com os do passado.
Sendo assim, servirá de alguma coisa fazer futurologia baseado em paralelos do passado? De certa forma, há um século atrás vivíamos numa situação de impasse semelhante à actual. Até de défice se falava e da mediocridade dos políticos. Não faltavam opiniões que apontavam o que estava mal e o que se devia fazer. Contudo, as soluções óbvias não foram aplicadas, continuando-se com o mesmo paradigma até atingir o ponto de rotura. Hoje em dia as roturas serão diferentes, não haverá golpes para destituir a monarquia ou instituir o Estado Novo e nem mesmo para um novo 25 de Abril.
Portugal é um país sem energia. Caminha alegremente para uma rotura, talvez acreditando num milagre salvador de última hora. Talvez nem se preocupando se o pior acontecer. Mesmos os mais lúcidos e esclarecidos não têm força suficiente para gritar alto, para tomar rédeas, para avançar com novas possibilidades. Não é por acaso que temos uma das mais baixas taxas de natalidade do mundo. Não é egoísmo, não. É exactamente o oposto, já nem egoístas conseguimos ser.
MC
O debate à americana entre os dois candidatos a primeiro-ministro mostrou algo que devia envergonhar os portugueses. Quem assistiu a algum dos debates da campanha americana pode comprovar tanto Bush como Kerry ficariam a anos-luz de qualquer destes dois que nem merecem que lhes escreva o nome. A pobreza franciscana foi avassaladora. Medrosos, nunca se atreveram a defender algo com convicção.
Diria mesmo que basicamente deram as mesmas respostas às perguntas, tentando diferenciar-se mas sem saberem como. E as respostas mais não eram que divagar sobre os assuntos, raramente apresentando propostas. Completamente inaceitável, se fossemos um povo com espírito crítico. Mas não somos, e é talvez por isso que gostamos de criticar os americanos, com exemplos avulso, mas sem reparar que comparados com eles, nós é que somos os mentecaptos.
A entrevista de Sócrates ontem na RTP teve para mim duas partes. A primeira parte foi lamentável, com a questão dos famosos boatos (é curioso mas sei quase nada sobre eles). Falou para Portugal inteiro como se o país fossem apenas as pessoas que andam a navegar pela net. A minha consideração pessoal por Sócrates desceu bastante, quando tentou fazer-se de vítima e mostrar-se indignado. Que Santana Lopes faça estes números, percebe-se, está-lhe no sangue. Mas Sócrates pareceu-me estar a representar aquilo que treinou face ao espelho, para parecer convincente.
Pouco depois, na Sic Notícias um indivíduo do PS, que não consigo identificar, mostrava-se ainda mais indignado, só faltando avançar com ameaças físicas contra o PSD. Que a campanha do PSD tinha envergado pela negativa, já se sabia. Não é algo que se aprecie em Portugal, apesar de sermos um povo dado à má língua. Que essa campanha tenha também aproveitado a onda de boatos, é algo discutível. O que acho indiscutível é o PS ter de facto entrado na campanha dos boatos, neste caso como vítimas. Sinceramente, pensei que isto fosse coisa que os principais lideres partidários decidissem entre si e fizesse um comunicado conjunto, repudiando os boatos e passando depois apenas às questões políticas.
A segunda parte da entrevista pareceu-me bastante mais positiva. Sócrates, apesar de não me parecer muito seguro, estava confiante e enérgico. Avançou com poucas propostas, o que apreciei. O choque tecnológico, renomeado plano tecnológico, foi apresentado em moldes mais razoáveis. Sócrates falou mais em termos uma organização diferentes de dinheiros, ao invés de mais investimento. Continuará a ser dinheiro a ser mal gasto mas ao menos não aumenta tanto o buraco.
Pareceu-me também suficientemente realista, não atacou muito a coligação nos aspectos da governação, chegando mesmo a concordar com Bagão Félix no caso das execuções fiscais ao pessoal da bola. Avançou com duas linhas de acção relativamente inócuas, o ambiente e a protecção aos deficientes. Coisas bonitas de dizer mas que qualquer um o podia fazer.
De certa forma, fiquei com a ideia de que tudo está em aberto, que muito dependerá do elenco do governo. E isto é mesmo uma grande incógnita. Porque dentro dos seleccionáveis de Sócrates estão muito putativos ministros despesistas e que ainda acreditam que com engenharias sociais se consegue alcançar algo. Mas também estão outros putativos mais realistas, que sabem que a sua função é criar condições para as pessoas serem mais livres e empreendedoras.
Mas há poucas razões para esta optimista. Porque os despesistas têm mais margem de manobra e parecem mais simpáticos. Os realistas têm, paradoxalmente, a realidade contra eles. Mesmo que saibam onde devem chegar, sabem que não conseguem lá chegar, com estes partidos, sindicatos, constituição, etc...